A cidade que matou o amor

O meu melhor amigo e colega de trabalho, o R., está sozinho faz um par de anos. Um gajo giríssimo, sensível sem perder masculinidade e cheio de sentido de humor. Teve as suas paixões e desilusões. Desiludiu-se de tal forma que acreditou não ser capaz de se apaixonar mais. Fica de olhar preso em qualquer mulher realmente gira, ah e tal, mas chega o momento e não avança, porque não há estímulo, porque isto e aquilo, porque o acha querido e assim está tudo perdido.
A I. andoua sair à noite uns quantos meses com um gajo, fazendo noitadas a conversar, sem nunca acontecer nada, à espera que ele desse o primeiro passo, à espera não sabia do quê mas dizia ela que era giro consolidarem as coisas. Apaixonados e teimosos, nenhum avançou. Nunca deram um beijo e vejo-a já sem brilho nos olhos.
A R. é a senhora "carreira". Vive com um gato e rodeia-se de amigos sempre que pode. Ama as viagens e as aventuras romanticas. Volta e meia anda com um novo apêndice, devorado sofregamente para logo depois ser deixado com uma etiqueta a dizer "despojos".
E eu ando aqui. Às vezes com vontade de devolver o BI e reconhecer que ainda não estou preparado para ser um cidadão consciente. Crio confusões em mim, nos outros, sofro por mim e sofro pelos outros. Dou por mim a esquivar-me a convites para sair, trocando-os por outros, para no fim declinar tudo e querer estar sozinho a beber uma cerveja no adamastor enquanto releio as mensagens que me mandam.
Nunca pensei verdadeiramente na minha vida. Devia defini-la como um plano estratégico. Mas neste momento queria apenas alguém que esperasse por mim na minha cama.
(ao som de Hold Still do David Fonseca)
13 Comments:
Se te consolar saber (a mim, não), já somos dois. E nesta Lisboa, seremos umas largas centenas, no mínimo.
Um plano estratégico talvez até fosse boa ideia, na condição de abandonares a actual estratégia das recusas e das «tampas». (Bem prega Frei Tomás; faz o que ele diz, não faças o que ele faz). Fui!
Oi RIC,
Porque é que será que isso não me consola.. :P
As recusas aconteceram bem actualmente e por isso dei por mim neste estado. Uma coisa é recusar um programa com alguém que não te diz nada, outra coisa é recusar um programa com alguém com quem te divertes sempre. Isso é que me chocou.
Abraços
Sem querer repetir chavões, a verdade é que os hábitos se entrenham, e o que de início era virtuoso passa rapidamente a vicioso. Por mim falo, em plena consciência da «asneira»: quantas vezes não tenho preferido ficar entregue a mim próprio a sair com este ou com aquela...
Há uma inércia nas relações, sobretudo nas cidades (e não só em Lisboa, é claro), que vai mantendo as pessoas afastadas entre si. Como se conviver pesasse...
Há algo de muito errado em tudo isto... :-)
(Obrigado pela resposta! Foi simpático da tua parte.)
A verdade é que sentimos falta dos momentos de reflexão que o homem se permitia nas origens. Cada vez me convenço mais que trabalhar a terra era a origem da felicidade. :P
E quanto às respostas sou assim.. conforme o tempo (o que faz e o que tenho) :)
O importante é não perder a esperança.
Por muito mal ou sozinho que alguém esteja, basta sentir, que um dia, alguém, irá surgir e fazer com que tudo tenha valido a pena. Todos os pensamentos confusos, todas as indecisões, todas as duvidas, todas as lágrimas, todos os momentos de solidão irão parecer pequenos.
É assim que penso. Foi assim que sempre pensei.
Abraço grande
[o nosso café não está esquecido, apenas adiado por motivos de força maior!!! ;) ]
PS - a escolha das imagens para o post está fantástica!!!
Pois é, creio bem que «Aequillibrium» tem razão...
Sem querer ser jocoso - e inspirando-me na imagética em anexo - diria que deve andar por aí um Mr. Big (oh deuses cruéis!) bem aflito para estacionar por perto. Então, de facto, tudo parecerá ter sido apenas uma breve espera... Quem dera!...
(Uma sugestão: vão ao cimema ver «Volver». O Almodóvar é impagável!)
Obrigado pelos comments :)
Não me esqueci do nosso café, aequillibrium.
Quanto ao mr big, espero que me venha visitar :)
Mais um post que me deixou com um sorriso na cara. Só um conselho: não deixes de fazer nada, para depois não te arrependeres de não o ter feito...a vida pode ser realmente curta e passa por nós, se n lhe dermos o devido valor...
Olá Thiago! Mas tu deves compreender. Eu prefiro não aparecer quando estou em baixo do que as pessoas conhecerem-me assim e fazerem perguntas. Certo?
Será assim uma forma de carregar baterias!
Sim, percebo-te bem :-)
um abraço e força :-)
Revi-me em algumas das coisas que disses-te! Porém, não tenho qualquer antibiótico para o problema (se é que podemos dizer que é um problema querermos estar sós em determinada altura)...por enquanto!
...uma rodela de limão.
Ricardo
Olá Ricardo,
Em primeiro lugar obrigado pela visita!
Não é problema querer estar só.. mas é um problema não conseguir estar acompanhado.
A rodela de limão, essa sim, com água fervida.
:)
SH
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