sexta-feira, setembro 08, 2006

A cidade que matou o amor

Hoje falava com o meu colega R. sobre a puta da cidade em que vivemos - Lisboa. Ambos de outras paragens, Lisboa tem-se demonstrado uma grande porca para aquilo que acreditávamos ser "THE FEELING".


O meu melhor amigo e colega de trabalho, o R., está sozinho faz um par de anos. Um gajo giríssimo, sensível sem perder masculinidade e cheio de sentido de humor. Teve as suas paixões e desilusões. Desiludiu-se de tal forma que acreditou não ser capaz de se apaixonar mais. Fica de olhar preso em qualquer mulher realmente gira, ah e tal, mas chega o momento e não avança, porque não há estímulo, porque isto e aquilo, porque o acha querido e assim está tudo perdido.



A I. andoua sair à noite uns quantos meses com um gajo, fazendo noitadas a conversar, sem nunca acontecer nada, à espera que ele desse o primeiro passo, à espera não sabia do quê mas dizia ela que era giro consolidarem as coisas. Apaixonados e teimosos, nenhum avançou. Nunca deram um beijo e vejo-a já sem brilho nos olhos.



A R. é a senhora "carreira". Vive com um gato e rodeia-se de amigos sempre que pode. Ama as viagens e as aventuras romanticas. Volta e meia anda com um novo apêndice, devorado sofregamente para logo depois ser deixado com uma etiqueta a dizer "despojos".



E eu ando aqui. Às vezes com vontade de devolver o BI e reconhecer que ainda não estou preparado para ser um cidadão consciente. Crio confusões em mim, nos outros, sofro por mim e sofro pelos outros. Dou por mim a esquivar-me a convites para sair, trocando-os por outros, para no fim declinar tudo e querer estar sozinho a beber uma cerveja no adamastor enquanto releio as mensagens que me mandam.

Nunca pensei verdadeiramente na minha vida. Devia defini-la como um plano estratégico. Mas neste momento queria apenas alguém que esperasse por mim na minha cama.

(ao som de Hold Still do David Fonseca)

13 Comments:

At setembro 09, 2006 2:00 da manhã, Blogger RIC said...

Se te consolar saber (a mim, não), já somos dois. E nesta Lisboa, seremos umas largas centenas, no mínimo.
Um plano estratégico talvez até fosse boa ideia, na condição de abandonares a actual estratégia das recusas e das «tampas». (Bem prega Frei Tomás; faz o que ele diz, não faças o que ele faz). Fui!

 
At setembro 09, 2006 9:37 da manhã, Blogger secret him said...

Oi RIC,

Porque é que será que isso não me consola.. :P

As recusas aconteceram bem actualmente e por isso dei por mim neste estado. Uma coisa é recusar um programa com alguém que não te diz nada, outra coisa é recusar um programa com alguém com quem te divertes sempre. Isso é que me chocou.

Abraços

 
At setembro 09, 2006 12:01 da tarde, Blogger RIC said...

Sem querer repetir chavões, a verdade é que os hábitos se entrenham, e o que de início era virtuoso passa rapidamente a vicioso. Por mim falo, em plena consciência da «asneira»: quantas vezes não tenho preferido ficar entregue a mim próprio a sair com este ou com aquela...
Há uma inércia nas relações, sobretudo nas cidades (e não só em Lisboa, é claro), que vai mantendo as pessoas afastadas entre si. Como se conviver pesasse...
Há algo de muito errado em tudo isto... :-)
(Obrigado pela resposta! Foi simpático da tua parte.)

 
At setembro 09, 2006 12:49 da tarde, Blogger secret him said...

A verdade é que sentimos falta dos momentos de reflexão que o homem se permitia nas origens. Cada vez me convenço mais que trabalhar a terra era a origem da felicidade. :P

E quanto às respostas sou assim.. conforme o tempo (o que faz e o que tenho) :)

 
At setembro 10, 2006 1:18 da manhã, Blogger Aequillibrium said...

O importante é não perder a esperança.
Por muito mal ou sozinho que alguém esteja, basta sentir, que um dia, alguém, irá surgir e fazer com que tudo tenha valido a pena. Todos os pensamentos confusos, todas as indecisões, todas as duvidas, todas as lágrimas, todos os momentos de solidão irão parecer pequenos.
É assim que penso. Foi assim que sempre pensei.

Abraço grande

[o nosso café não está esquecido, apenas adiado por motivos de força maior!!! ;) ]

 
At setembro 10, 2006 1:19 da manhã, Blogger Aequillibrium said...

PS - a escolha das imagens para o post está fantástica!!!

 
At setembro 10, 2006 3:45 da manhã, Blogger RIC said...

Pois é, creio bem que «Aequillibrium» tem razão...
Sem querer ser jocoso - e inspirando-me na imagética em anexo - diria que deve andar por aí um Mr. Big (oh deuses cruéis!) bem aflito para estacionar por perto. Então, de facto, tudo parecerá ter sido apenas uma breve espera... Quem dera!...
(Uma sugestão: vão ao cimema ver «Volver». O Almodóvar é impagável!)

 
At setembro 10, 2006 9:22 da tarde, Blogger secret him said...

Obrigado pelos comments :)

Não me esqueci do nosso café, aequillibrium.

Quanto ao mr big, espero que me venha visitar :)

 
At setembro 10, 2006 10:40 da tarde, Blogger Thiago said...

Mais um post que me deixou com um sorriso na cara. Só um conselho: não deixes de fazer nada, para depois não te arrependeres de não o ter feito...a vida pode ser realmente curta e passa por nós, se n lhe dermos o devido valor...

 
At setembro 11, 2006 12:32 da manhã, Blogger secret him said...

Olá Thiago! Mas tu deves compreender. Eu prefiro não aparecer quando estou em baixo do que as pessoas conhecerem-me assim e fazerem perguntas. Certo?

Será assim uma forma de carregar baterias!

 
At setembro 11, 2006 10:37 da tarde, Blogger Thiago said...

Sim, percebo-te bem :-)

um abraço e força :-)

 
At setembro 24, 2006 2:15 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Revi-me em algumas das coisas que disses-te! Porém, não tenho qualquer antibiótico para o problema (se é que podemos dizer que é um problema querermos estar sós em determinada altura)...por enquanto!

...uma rodela de limão.

Ricardo

 
At setembro 24, 2006 4:21 da tarde, Blogger secret him said...

Olá Ricardo,

Em primeiro lugar obrigado pela visita!

Não é problema querer estar só.. mas é um problema não conseguir estar acompanhado.

A rodela de limão, essa sim, com água fervida.

:)

SH

 

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