quinta-feira, janeiro 11, 2007

nós mesmos


Hoje conversava com ele sobre amizades. É pena a quantidade de amigos que foram tanto para nós e que o destino os travou numa qualquer barreira física ou psicológica. A amizade funcionará por vezes como utilitarista, ou simplesmente estagna com a distância transformando-se em trapos de recordações? Tenho amigos e bons amigos, conhecidos ou apenas estranhos, por quem sinto o maior carinho no meu dia-a-dia. Mas por vezes custa-me, de sobremaneira, que os amigos estejam longe, que não os tenha por perto e sinto pena que não me tenham por perto.
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Os amigos são desafios, aprendemos imenso com eles, sendo um novo mundo que ganhamos quando conquistamos um amigo. Mas por vezes, estendemos novas pontes, atravessamos, exploramos, vivemos, amamos e quando nos voltamos para trás, nem sempre continua uma ponte naquele lugar. Tenho deixado muitas pontes nas minhas amizades, que atravesso sempre que posso e que celebro com alegria o encontro. Outras vezes, porém, vejo que a ponte que ali existia não existe mais. Ou porque mudámos, ou porque nos mudaram, somos pessoas diferentes daquelas que eramos e está ali tudo perdido...
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Lembro-me com especial saudade dos amigos que tive na adolescência. Psicologicamente diferentes, foram aqueles com quem fiz os primeiros vôos fora do ninho. Aqueles com quem acampei pela primeira vez, aqueles com quem entrei na primeira discoteca, aqueles com quem apanhei a primeira bebedeira, aqueles com quem torrei ao sol numas férias de verão, em que cada um não levava mais do que 6 contos para 5 dias à nossa conta, aqueles com quem vi o copo de vidro mexer-se atónito no meio de um alfabeto de letras.
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Estas experiências eram muito importantes na altura. Sentia que todos mostrávamos que nos sabíamos comportar com à-vontade, mas que no fundo todos sentiamos a excitação de ensaiarmos ali os primeiros passos enquanto adultos. Entretanto os anos correram. À adolescência calma e tranquila que queriamos viver à pressa, sucedeu a juventude que quisemos dominar. Nas duas fases fizemos novos amigos, formatados à medida, encontrados ao acaso, que nos fizeram o que somos hoje e que sempre fomos: nós mesmos.

10 Comments:

At janeiro 11, 2007 11:35 da tarde, Blogger dcg said...

Não considero a distância um factor impeditivo para a amizade. Se esta for verdadeira, não há distância, geográfica ou temporal, que a faça esmorecer.

 
At janeiro 12, 2007 6:20 da tarde, Blogger Tongzhi said...

Concordo com o dcg. E quanto aos amigos de infância, uns acompanham-nos e os outros temos na mesma um carinho especial, quanto mais não seja, na forma de recordação. Não estamos com eles e, provavelmente, nunca voltaremos a estar. Contudo, acho que existirá sempre amizade.

 
At janeiro 12, 2007 8:31 da tarde, Blogger Momentos said...

A vantagem é que em qualquer lugar, em qualquer momento pode existir o reencontro com velhos amigos ou então encontrar um novo amigo. Se existe algum limite na vida não é com certeza o número de amigos.

 
At janeiro 12, 2007 11:51 da tarde, Blogger paulo,sj said...

Olá!! Acho que é a primeira vez que comento por estes lados... :)

A Amizade é um tema que me diz muito! A amizade, a partilha, a confiança em muito contribuem para o crescimento pessoal e relacional... Ajuda-nos a equilibrar!

Gosto de olhar para a minha vida e ver os rostos que passaram e passam por ela. Ainda hoje comentava com um Companheiro que conheço tantas pessoas, com as quais tenho grandes amizades, e de realidades tão diferentes. Para mim, é uma riqueza! As pessoas são uma riqueza. :)

Grande Secret, obrigado pelo post...
Um Grande Abraço!

 
At janeiro 13, 2007 4:45 da manhã, Blogger MSP said...

Caríssimo Secret
Ler o teu post obrigou-me a repensar muitas coisas. Estou de acordo contigo, e veio-me à mente a imagem dum tecido, formado por inúmeros pontos e costuras, com o qual nos vestimos. Vemos uns melhor que outros, mas todos lá estão e fazem parte do todo que nós assumimos como próprio. Gosto sempre de te ler e fico com dificuldade em comentar. Parabéns
Sempre
Maharani

 
At janeiro 14, 2007 5:02 da tarde, Blogger Mr. Placard said...

Nice blog!
Gostei mto de ler alguns posts =)Mas identifico-me em especial com este em relação à amizade.
Fiz uma retrospectiva de todos os amigos/conhecidos etc que tenho ou tive e apenas fica a faltar um exemplo: aqueles amigos que tive de deixar simplesmente por não o serem para mim.

hugs [[]]

 
At janeiro 14, 2007 6:41 da tarde, Blogger Kokas said...

É bom encontrar espaços nos quais nos revemos!

Aquele abraço!

 
At janeiro 15, 2007 2:20 da tarde, Blogger Unknown said...

Sendo que o meu melhor amigo se encontra a vário quilometros de distância e que quando a amizade foi criada e alimentada já essa barreira existia não acho que seja uma verdadeira barreira. É obvio que preferia infinitamente que estivesse mais perto.

Que pudesse me encontrar com ele (e já agora com o namorado dele tb - um rapaz cinco estrelas por sinal) para um double date :p ou simplesmente para poder estar com ele.

Contudo também já tive amigos que fui perdendo, por vicissitudes da vida, ou simplesmente por falta de esforço de ambas as partes. Mas se o esforço não ocorreu é porque se calhar a amizade não era tão essencial... porque acredito que quando queremos manter as pessoas na nossa vida temos que as saber manter por perto. E para as manter por perto nem sempre é preciso tê-las ao nosso lado.

Um abraço ;)

 
At janeiro 17, 2007 9:51 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Os Amigos são a melhor coisa que temos.
Longe ou perto estão sempre connosco.
Recentemente recebi a visita de quem amo, e que até vive bem longe;visitámos belos lugares, passámos, é claro momentos intimos muito bons, mas a partilha dos meus amigos foi muito importante para mim e para ele,
já havia sido assim quando o visitei e conheci os seus amigos.
É tão bom ter amigos, mas dos bons, daqueles em que a distância não conta.
Um abraço.

 
At janeiro 22, 2007 2:48 da manhã, Blogger Luis said...

os amigos, os verdadeiros amigos, temo-los sempre dentro do coração, por isso não podemos ter saudades de algo que está dentro de nós.

 

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